Homofobia e relacionamento extraconjugal podem ter motivado morte de três brasileiras em Portugal

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A polícia judiciária portuguesa já trabalha com duas hipóteses principais para o assassinato das mineiras Michele Santana Ferreira, de 28, e Lidiana Neves, de 16, que, junto com a capixaba Thayane Milla Mendes, de 21, foram encontradas mortas em Portugal nessa sexta-feira (26/08). Detalhes da investigação da polícia do país foram divulgadas pelo jornal local “I Online”.

Segundo a publicação, a corporação iniciou as investigações em março, mais de um mês após o último contato das vítimas com familiares, uma vez que somente nesta época o sumiço foi comunicado à polícia brasileira. Buscas foram realizadas em diversos locais, que possibilitaram aos investigadores descobrir detalhes sobre o suspeito, um auxiliar de serviços gerais de Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha. Ele é o namorado que havia engravidado Michele e que voltou para o Brasil após o desaparecimento das vítimas.

Uma das descobertas dos policiais do país europeu é que o homem é “extremamente conservador” e que o homicídio pode estar relacionado ao fato da irmã de sua namorada e a outra vítima manterem um relacionamento homossexual. A outra hipótese levantada na investigação é que Gomes tenha assassinado as amigas para evitar que a mulher com quem era casado e tinha filhos no Brasil descobrisse a gravidez e o relacionamento extraconjugal, já que a esposa teria marcado uma viagem a Portugal.

Ainda de acordo com o “I Online”, os corpos só foram descobertos após a empresa de limpeza de fossas ter encontrado os cadáveres ao prestar serviço para o hotel de cães na região de Cascais, onde o suspeito trabalhava.

O brasileiro já teria inclusive prestado depoimentos à polícia Brasileira, tratando apenas sobre o desaparecimento das jovens. Uma fonte da polícia judiciária portuguesa afirmou ao jornal que o suspeito alegou a princípio que as mulheres estavam em Portugal, mas que não poderiam atender os celulares, mas, logo depois, ele teria dito que elas teriam brigado com ele e ido para Londres. Ainda segundo a polícia portuguesa, as páginas no Facebook e os telefones delas foram desativados ainda no país.

Dinai Alves é o principal suspeito do triplo homicídio (Foto: Divulgação/Álbum de Família)

Campanha

Até a tarde deste domingo, 28 de agosto, a campanha criada pela família no site Go Fund Me já havia arrecado $ 3,947 dos $ 20,000 necessários para o traslado dos corpos. Os interessados em ajudar poderão acessar o endereço https://www.gofundme.com/26v5ajgc e clicar em doar. As doações também poderão ser feitas através da conta poupança 14044-9 da agência 2161-0 do Banco do Brasil, de Solange Santana Leite (mãe de duas das três vítimas).

Entenda o caso

O desaparecimento das brasileiras foi uma história confusa e com muitos personagens, que mudou de rumo em fevereiro deste ano, quando Dinai Alves Mendes, namorado de Michele, que também morava em Lisboa há vários anos, se tornou o único interlocutor entre Solange e as filhas. O dia 11 de fevereiro de 2016 foi o último em que Michele respondeu a mãe pelo WhatsApp.

Solange nunca acreditou que era Michele que respondia suas mensagens no Facebook, no começo de fevereiro, porque a filha passou a digitar de uma maneira diferente da que sempre fez. Ao mesmo tempo, Michele falava de situações que eles estavam vivendo depois que Lidiana e Thayane chegaram, e não sabia explicar, com clareza, os conflitos que fizeram com que Thayane saísse da casa e fosse passar quatro dias com outras amigas que também moram em Portugal. A filha ainda comentou sobre ter perdido um bebê e que o namorado queria muito ter um filho e estava deixando-a irritada, pedindo para que ela emagrecesse para ter mais saúde para isso.

No dia 19 de fevereiro, depois de tentar contato com as filhas inúmeras vezes, Solange conseguiu falar com Dinai, por meio do WhatsApp. Ele disse que iria procurar pelas mineiras para tentar diminuir a preocupação de ex-sogra, mas que elas haviam se mudado para Londres. Nessa conversa, ele promete ligar com novas informações e, em certo momento, acrescenta: “a senhora sabe que não sou tão ruim assim”. Entretanto, somente no dia 21 ele respondeu, dizendo que conseguiu falar com Michele e que pediu para que ela ligasse para a mãe, além de confirmar que as meninas estavam em Londres. Dinai terminou a conversa dizendo-se feliz por elas estarem bem. Depois disso, nunca mais respondeu aos chamados da mãe de Michele e Lidiana.

A desconfiança de Solange com relação ao ex-genro ficou maior quando ela descobriu que, no dia 23 de fevereiro, portanto, dois dias depois de terem conversado pela última vez, ele retornou para o Brasil, para Novo Cruzeiro (Vale do Jequitinhonha), onde morava antes, sem avisar aos amigos e parentes das mulheres. No dia 23 de março, Solange prestou depoimento na Polícia Federal de Governador Valadares. De acordo com ela, o mesmo fez Dinai, ao ser convocado pela PF de Belo Horizonte.

As mineiras Michele e Lidiana e a capixaba Thayana (Foto: Divulgação/Álbum de Família)

(Fonte: O Tempo / Estado de Minas)

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