Tour da Tocha Olímpica percorre as tradições do cerrado às margens do Velho Chico nesta segunda-feira

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Nesta segunda-feira (9/5), o Tour da Tocha percorre o mais longo trecho do revezamento em solo mineiro. De Patos de Minas a Montes Claros, são mais de 480 quilômetros de estrada. O extenso trajeto leva o comboio olímpico ao Norte de Minas, região que cresceu influenciada pelas riquezas do cerrado e do Rio São Francisco. A flora típica da região e o Velho Chico formam a díade que, até hoje, marca várias gerações de mineiros.

Para vencer o longo percurso em apenas um dia, a caravana olímpica amanhece na pacata Varjão de Minas. Fora o período festivo, a pequena cidade mantém o característico clima bucólico, cenário ideal para o turismo contemplativo e rural. De lá, pé na estrada em direção ao Norte de Minas, tendo Pirapora como a primeira parada, dando um gostinho do que está por vir.

Os sabores do cerrado

A incorporação de produtos típicos do cerrado é uma marca da gastronomia norte-mineira. O Mercado Municipal de Montes Claros é o local mais indicado para quem quer saborear as iguarias – rapadura batida, queijo fresco, doces, farinha de mandioca, biscoitos, requeijão, carne de sol, cachaça e os derivados do pequi (polpa, licor, óleo, geleia, farinha e castanha) – em um só lugar. O arroz com pequi é um dos mais notáveis pratos da culinária local.

Além do pequi, outros frutos típicos, como buriti, umbu, araticum, baru, macaúba, coquinho azedo e mangaba são igualmente incorporados à dieta diária da população e encantam o paladar dos visitantes, sejam consumidos in natura ou no formato de sorvetes e picolés, por exemplo. As plantas e frutos do cerrado também são usados na fabricação de remédios, forragem, fertilizantes, fibra, resina, goma, materiais de construção, dentre outros itens.

A cidade e o rio, o rio e a cidade

Outra nuance da gastronomia do Norte de Minas vem das águas do Rio São Francisco. Em Pirapora, os visitantes podem se deliciar com os pratos típicos, a maioria tendo peixes como base, como a moqueca de surubim. Cidade ribeirinha, não só a gastronomia, mas toda a rica identidade do povo piraporense remonta à proximidade com o Velho Chico. Um dos maiores símbolos da cidade, inclusive, vive nas águas no Rio São Francisco.

A embarcação Benjamim Guimarães, patrimônio histórico-cultural de Minas Gerais, chegou ao município na década de 1920, após ter sido utilizada no Rio Mississipi, nos Estados Unidos, e em navegações na Amazônia. O barco é o único de seu gênero – movido a vapor de lenha – em atividade do mundo. A bordo do Benjamim Guimarães é apresentado um dos mais concorridos espetáculos da região: a Sinfonia do Velho Chico.

Embarcação Benjamim Guimarães (Foto: Site Prefeitura de Pirapora)

Rio cheio de vida e história

Elemento chave da identidade e da economia da região, o Velho Chico também presenteia a população local e os turistas com inúmeras belezas naturais. O Balneário das Duchas, a Ilha do Peixe e a Praia do Areão, em Pirapora, proporcionam um refrescante banho nas corredeiras. Os locais também são procurados para a prática de esportes, entre eles futevôlei, vôlei de praia, peteca, futebol de areia, canoagem e rafting.

Sobre o Velho Chico, ligação entre as cidades de Pirapora e Buritizeiro, está um dos principais cartões-postais da região: a Ponte Férrea Marechal Hermes, a primeira construída acima do rio. Inaugurada em novembro de 1922, com 694 metros de extensão, a obra de engenharia destaca-se pelo estilo rústico. Foi fabricada na Bélgica e até o final da década de 1960 era utilizada pela Rede Ferroviária Federal.

Matizes da cultura popular

O artesanato é uma das mais fortes expressões da cultura popular no Norte de Minas. Em várias cidades, é comum encontrar cerâmicas (potes, panelas, vasos, cachimbos e imagens), tapetes e esculturas em madeira, como carrancas e miniaturas. Em Montes Claros, o Museu Regional do Norte de Minas reúne objetos raros que retratam a história da região e o Museu Do Folclore mantém no acervo obras de artesãos e referências às manifestações religiosas.

Próximo a Pirapora, as ruínas da Igreja de Pedra – Igreja Bom Jesus de Matozinhos – são uma atração à parte. Construída pelos escravos no século XVII, às margens do Rio das Velhas, tem estilo colonial e foi edificada com pedras e argamassa de cal. Em Montes Claros destacam-se a Capela Nosso Senhor do Bonfim, a Catedral Nossa Senhora Aparecida e a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição e São José, o templo religioso mais antigo da cidade.

Consolidação da indústria

Durante muitos anos marcado pelas atividades extrativistas e agropecuárias, o Norte de Minas observa a chegada de empresas de grande porte interessadas no potencial da região. Hoje, por exemplo, a região vive a expectativa de receber aportes volumosos de empresas globais que atuam no ramo de energia fotovoltaica. Atualmente, a indústria têxtil, farmacêutica, siderúrgica, alimentícia, calçados, biocombustível e a mineração impulsionam a economia.

(Agência Minas)

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