Fundação hospitalar mineira alerta para os riscos de acidentes com queimaduras

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No dia 23 de novembro, a cozinheira Adilene Santos, 31 anos, levou um susto ao executar uma tarefa comum, do seu dia a dia: a panela de pressão que manuseava explodiu, causando queimaduras de primeiro grau no seu pescoço, colo e nos dois braços. “Na hora, dei um pulo pra trás, o que, por sorte, protegeu o meu rosto, e minha primeira reação foi tirar a roupa do corpo”, conta.

Moradora de Divinópolis, no Território Oeste, Adilene foi encaminhada para a Unidade de Tratamento de Queimados Prof. Ivo Pitanguy do Hospital João XXIII, referência nacional no atendimento a pacientes vítimas de queimaduras, e agora se recupera bem.

“A queimadura é uma questão social, deixa sequelas e marcas que podem perdurar por um longo tempo ou até mesmo a vida inteira”, diz o coordenador da Cirurgia Plástica da Unidade de Tratamento de Queimados do HJXXIII, Marcus Mafra.  Por isso, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), alerta a população para não se expor a riscos.

Nestes dias de férias escolares, com crianças dentro de casa, e de festas de fim de ano, quando o uso de fogos de articífio aumenta, é preciso redobrar os cuidados.

De janeiro a novembro de 2016, a unidade atendeu mais de 5 mil pacientes com queimaduras. Desse total, 554 passaram por um período de internação prolongada, sendo que, destes, 128 foram queimados gravemente e 426 pacientes com queimaduras de grau médio. A maior parte dos pacientes é do sexo masculino, com idade média entre 31 e 60 anos e tempo médio de internação de 26 dias.

O setor está constantemente com grande parte de seus 33 leitos ocupados. São nove de tratamento intensivo no 9º andar e 24 de enfermaria no 8º andar. A unidade possui, ainda, um bloco cirúrgico com duas salas de cirurgia e sala de recuperação anestésica. Em 2015, foram realizadas 802 cirurgias, uma média de 16 procedimentos cirúrgicos por semana.

“Além da estrutura, um ponto fundamental para sermos referência no atendimento é que contamos com uma equipe multidisciplinar. São dezenas de profissionais envolvidos, entre cirurgiões plásticos, pediatras, clínicos gerais, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem”, ressalta Mafra.

Outro ponto relevante, segundo o coordenador, é que os dois andares são reservados para pacientes de queimaduras. “Por ser uma unidade fechada, a chance de os pacientes contraírem infecções hospitalares é reduzida. Em pacientes queimados, as infecções são responsáveis por um alto índice de óbitos”, destaca.

O HJXIII tem o único serviço de queimados do Brasil que fornece a malha compressiva gratuitamente aos pacientes de queimaduras. A malha ajuda na cicatrização e na atenuação da dor.

Álcool líquido, o vilão

“A principal causa dos acidentes com queimaduras graves continua sendo a utilização de álcool líquido”, conta o coordenador da Cirurgia Plástica da Unidade de Tratamento de Queimados Prof. Ivo Pitanguy do HJXXIII, Marcus Mafra. Do total de internados em 2015 no hospital, mais de 30% foram vítimas de acidentes com álcool.

Em geral, o produto é responsável pelas queimaduras mais extensas e pela maioria dos óbitos relacionados aos acidentes que envolvem a utilização do produto. As áreas mais atingidas são o tórax, os membros superiores e a cabeça.

Ray Miranda, 13 anos, foi uma das vítimas. Morador de Sabinópolis, no Território Vale do Rio Doce, o adolescente está internado desde o dia 11 de novembro no HJXXIII, onde passou por cirurgia. “Ele estava fazendo uma apresentação na feira de ciências da escola, e o projeto utilizava álcool. Apesar de ter testado três vezes antes, na hora de apresentar o fogo alastrou. Atingiu o rosto, pescoço, tórax e o braço direito dele”, conta a mãe Alessandra Machado.

Após o susto, Ray se recupera bem e se prepara para ter alta após um procedimento bem sucedido de enxerto. “Estou aliviada, ele está sendo muito bem olhado aqui e o pior passou. Mas agora, com certeza, todos ficaremos mais atentos ao manusear álcool”, finaliza Alessandra.

Primeiros socorros

Em caso de queimadura, a primeira atitude a ser tomada é, imediatamente, afastar-se do agente causador. Em seguida, caso a roupa esteja queimada, ela deve ser retirada. Após essas medidas iniciais, a pessoa deve colocar a região queimada em água fria e corrente (ou colocar uma toalha embebida em água fria sobre ela) e se encaminhar ao hospital.

Para que não haja o agravamento do quadro de saúde da vítima, é fundamental que em hipótese alguma seja utilizado outro produto, que pode dificultar o trabalho do médico para identificar a área queimada, bem como a profundidade da lesão.

Cuidados simples, incorporados ao dia a dia das pessoas, são capazes de evitar acidentes que provoquem queimaduras. As crianças não devem ficar sozinhas em casa. O botijão de gás deve, sempre, ser trocado em ambiente aberto.

Nunca se deve usar produtos inflamáveis, em especial o álcool líquido, bem como produtos químicos em casa, além de ter máximo cuidado ao fazer a manutenção da instalação elétrica. Neste último caso, o mais adequado é que sejam utilizados os serviços de um eletricista.

Durante o período de férias, o médico Marcus Mafra recomenda ainda mais atenção. “Como as crianças ficam em casa, podem ficar mais expostas a acidentes domésticos. É importante que as mães tenham cuidado com panelas no fogo, tomadas desprotegidas etc”, diz. (Agência Minas)

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