A valorização dos comitês de bacias hidrográficas – Alexandre Sylvio Vieira da Costa

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Os eventos climáticos globais e regionais estão acontecendo com cada vez mais frequência e intensidade. Nestes eventos podemos observar em várias regiões do Brasil que a água está cada vez mais escassa e o consumo aumentando com a melhora da qualidade de vida do povo brasileiro e o aumento da população. Mas, será que temos tecnologia e disposição suficiente para reverter este quadro de escassez, considerando que nós também somos responsáveis por este evento? É claro! Nós não precisamos reinventar a roda, mas apenas colocá-la para funcionar. Uma das principais soluções para reverter este atual quadro de déficit hídrico é o fortalecimento dos comitês de bacias hidrográficas espalhadas pelo Brasil e o estímulo a criação de novos comitês em bacias onde a estrutura ainda não exista.

Uma bacia hidrográfica é definida como a área na qual ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas características geográficas e topográficas. Apesar de ser caracterizada com o fluxo da água, o detalhamento de uma bacia hidrográfica é complexo, pois envolve além das águas, os solos, a exploração agrícola, pecuária e silvicultura, as matas e florestas, as industrias, os sistemas de exploração dos recursos ambientais como a mineração e as zonas urbanas, as cidades com seus habitantes e toda a sua dinâmica.

Mudar a situação climática atual é um trabalho de formiguinha e depende de estudos detalhados da atual situação de cada região, papel que é atribuído também aos comitês de bacias hidrográficas. Estes comitês são geridos por pessoas que vivenciam as suas regiões e sabedores de seus reais problemas. Associados as empresas, prefeituras, organizações não governamentais, aos governos e a própria população em geral, são capazes de dar suporte as estruturas governamentais na recuperação de ambientes degradados dentro de suas bacias hidrográficas indicando com maior precisão os problemas e em que locais deverão ocorrer os investimentos para recuperação.

O Brasil é muito grande e possui realidades completamente diferentes em relação ao clima, aos solos, as plantas. Estas variações podem ser observadas desde a neve nas serras gaúchas no inverno até o eterno verão do sertão nordestino. Até mesmo em regiões próximas podemos encontrar grandes diferenças ambientais. Por tudo isto podemos afirmar que com o tratamento ambiental específico de pequenos pedaços do Brasil de forma independente, mais precisamente nas bacias, sub-bacias e microbacias hidrográficas, por grupos gestores locais formados através de processo democráticos em parceria com a sociedade civil teremos mais chances de reverter a atual situação de crise hídrica que vivemos. Como descrito em um velho ditado: “a necessidade é a mãe da invenção!”. Ninguém tem mais interesse em resolver ou atenuar os problemas climáticos locais do que quem vive esta realidade.

Soluções milagrosas disponibilizadas de cima para baixo e idealizada por burocratas que, apesar de serem grandes especialistas, não vivenciam a realidade local, estão fadadas ao fracasso. A sua participação é sim, muito importante, mas em sintonia com os verdadeiros interessados em resolver a situação: os seus habitantes.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?



– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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