A Baleia Azul e a triste realidade dos filhos órfãos de pais vivos – Coluna Nilberto Antônio

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Caro leitor, hoje trataremos de um assunto que tem causado grande euforia nos últimos dias: O jogo da Baleia Azul. Para começarmos convido-lhes a refletirem. Será que você já se perguntou sobre o que se passa na cabeça de um adolescente que entra e se mantem em um jogo cujo desfecho é a morte… Se ainda não pensou sobre isso, sugiro-lhe que reflita um pouco.

Os leitores mais afoitos podem concluírem que é “falta do que fazer”, outros dirão que é uma força sobrenatural “demoníaca” que age sobre esses jovens. Mas, aqueles que analisarem bem a situação, talvez possam compreender que o jogo tem sido apenas a chama que ascende o pavio de uma bomba que já esta prestes a explodir. Ou seja, o adolescente que entra nessa, muito provavelmente sente-se mal, deprimido, desamparado.

Logo, podemos dizer que esses são filhos órfãos de pais vivos, isso porque, os pais estão cada vez mais ausentes, quase não convivem com os filhos, compensam sua ausência física com presentes caros e permite que o filho faça tudo que desejar na hora que quiser, justificam isso, dizendo que já passam tão pouco tempo com os filhos que quando estão juntos sente-se culpados se os corrigirem ou negar algo a eles.

Isso é devastador para a criança e/ou adolescente, pois crescem e se tornam sujeitos com baixa tolerância à frustração, não possuem referencias, sente-se desamparados, portanto, altamente propensos à depressão, tornando-se alvos fáceis para os perversos que administram um jogo como a Baleia Azul, que parecem se satisfaze seus instintos sádicos com o sofrimento alheio.

Por isso, prezados leitores, sou tentado a concluir que a Baleia Azul não tem culpa, se acabar com a baleia azul, poderá vir o elefante preto, o tigre roxo, o pássaro verde, e outros. O que está faltando é cor nas famílias. Estamos demasiadamente distraídos e buscando culpados o tempo todo. Vivenciamos uma época de “pais cinzas” sem vida, sem ação, sem autoridade, sem carinho com os filhos, sem tempo. Quando falta você pai/mãe seu filho buscará preencher sua ausência com qualquer outra coisa, a Baleia Azul, está na moda, mas na ausência dela, tem as drogas, licitas e ilícitas, e todas as outras coisas que podem lhes servir de ocupação e que sejam capazes de preencher o seu vazio.

Vou além e lhes pergunto: sabe por que essa geração de filhos não sai do celular, do computador, da internet, do isolamento? Porque os pais o empurraram para lá. Os pais tem dado cada vez menos carinho real para os filhos, o abraçador acolhedor foi substituído por uma mensagem no celular, rolar no chão, sujar a roupa com eles, cederam lugar aos presentes, aos equipamentos eletrônicos mais modernos. Mas do que adianta presentes caros, se o que é mais precioso não tem sido ofertado. Falta atenção, falta dialogo, olho no olho, abraço apertado, em fim, falta os pais serem mais presentes na vida dos filhos.

Cabe a ressalva de que nem todos os pais são como descrito, mas existe uma tendência a serem, é não é culpa exclusivamente deles, é o estilo de vida contemporâneo que propicia isso, mas é preciso conseguir tempo, participar da vida dos filhos, se fazerem presentes, pois isso é indispensável para que a criança/adolescente tenha um desenvolvimento saudável.

Aos que leram até aqui, acredito que alguns, sobretudo os pais podem ter ficado aflitos, sendo assim, relacionarei alguns pontos importantes, que podem contribuir para uma relação mais saudável entre pais e filhos.

Mudanças de comportamento: Os pais devem estar atentos a mudanças bruscas de comportamento dos filhos, o que pode ser um sinal de que a criança/adolescente está sofrendo e não está sabendo como lidar com o sofrimento.

Demonstre interesse: Para perceber que a criança esta enfrentando problemas, é essencial que os pais se interessem por sua rotina. Conforme especialistas, esse deve ser um ato genuíno, não momentâneo por causa do jogo.

Dialogo constante: As conversas com os filhos, sobretudo adolescentes, pode não ser fácil mas, os pais devem abrir canais para que eles se sintam confortáveis em compartilhar suas angústias e se sintam protegidos.

Vulnerabilidade: Para especialistas, o adolescente com baixa autoestima e sem vinculo familiar fortalecido são mais vulneráveis a armadilhas como o jogo da Baleia Azul.

Confiança: Os jovens precisam de pessoas de confiança para compartilharem seus anseios e frustrações, seja na escola ou na família.

Participação da escola: As escolas podem contribuir na prevenção de situações de risco, identificando entre os alunos os mais vulneráveis e se engajarem em ações de conscientização dos estudantes sobre a importância da vida.

Nilberto Antônio

Nilberto Antônio Gonçalves, psicólogo clínico com ênfase em atendimento de crianças especiais. Trabalha com Orientação Profissional. Psicólogo do Projeto Responsabilidade na Infância e Adolescência – RIA do Centro Social Mali Martin. Atua voluntariamente na Associação Amar e Renascer – Aamar (Instituição para tratamento de dependentes químicos) de Itamarandiba.

Facebook: Nilberto Antônio
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E-mail: nilbertog@ymail.com ou nilbertoantonio@bol.com.br
Telefone: (38) 9 9139-6023

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